As proposições são verdadeiras quanto às coisas espirituais
Jo 5.31 – Se eu testifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
Numa leitura desatenta do versículo citado, poderia surgir o argumento de que Jesus sempre necessitava de algum testemunho para comprovar suas proposições. Ocorre que os judeus sempre exigiam mais de um testemunho para condenar ou justificar uma declaração (Dt 19.15; Mt 18.16; 2Co 13.1). Esses judeus não mudaram seu modo de agir em relação a Jesus. Exigiram também algum outro testemunho a respeito da veracidade das palavras proferidas por ele entre o povo. E Jesus confirma a preocupação daqueles sisudos religiosos, no verso em questão.
Buscaram, por exemplo, o testemunho de João Batista para confrontá-lo com o testemunho de Jesus (Jo 5.33). Notamos o cuidado de Jesus em seguir o curso dos acontecimentos com aqueles que insistiam em descaracterizar sua mensagem. Entretanto, algo que Jesus fez questão de ensinar com toda a autoridade é que havia um testemunho muito maior do que o de João. Isso fica evidente na declaração veemente que faz, traduzida nas seguintes palavras:
Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou. O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma. Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou. (João 5.36-38)
Depreende-se daí que as proposições espirituais só têm sentido quando apreendidas na forma espiritual. Isso implica dizer que qualquer testemunho, desprovido da ação soberana de Deus em comunicar algo, não pode ser reputado como sendo um testemunho de sua revelação especial. Vemos, no texto acima, que o próprio Jesus se submete ao testemunho daquele que o enviou. Em outras palavras, Jesus quer ensinar que o testemunho verdadeiro é aquele que está revestido de autoridade. Neste aspecto, levando em conta o contexto em que o verso 31 do capítulo 5 do evangelho de João está inserido, a proposição de Jesus nos leva à compreensão espiritual de que ele é a verdade, que seu testemunho é verdadeiro. É o que também se mostra claramente no verso a seguir:
Jo 5.32 – Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim.
As verdades espirituais são entendidas por aqueles que são espirituais. É notório que Jesus entende perfeitamente sua missão e a traduz em proposições que comunicam suas verdades espirituais. Essas verdades espirituais são verdadeiras e podem ser compreendidas à medida que o Espírito Santo de Deus age no coração do homem, despertando-o para uma nova vida que o capacita a entender as coisas espirituais.
Extraído do 1º capítulo da obra: “Eu sou – características da Revelação verbal – Vol II”, de Heber Campos. Autoria do texto: Rev. Jair B. Quirino